A história por atrás da música; Conversa de Botas Batidas de Los Hermanos.


Em 2010 conheci a maravilhosa banda Los Hermanos, meu primeiro contato com eles foi atrás de um dos seus mais famosos álbuns, em minha opinião o melhor. Ventura lançado em 2003, logo de cara me apaixonei por umas das músicas que deve ser a preferida de muitos dos fás da banda carioca, o Último Romance. 

Como o passar do tempo e maior afinidade com o estilo apresentados por eles, outra faixa em especial passou chamar minha atenção. A faixa 11, “Conversa de Botas Batidas”, um nome sugestivo e uma letra peculiar que me deixou bastante intrigada, decidir então buscar o real significado da canção, o que levou o Marcelo Camelo a escrever – lá e navegando sorrateiramente pela rede, achei o que buscava já há algum tempo, vou compartilhar com vocês!
  
Em 25 de setembro de 2002, desabou um prédio no Rio de Janeiro. Era um prédio de cinco andares, localizado na Rua do Rosário, uma verdadeira tragédia que só não foi muito maior porque foram ouvidos estalos na estrutura cerca de 20 minutos antes do desabamento, o que permitiu que a maioria dos hóspedes e empregados do Hotel Linda do Rosário saíssem do prédio a tempo. Posteriormente a defesa civil concluiu que tudo isso aconteceu devido a uma reforma mal executada em um restaurante no térreo, que abalou a estrutura do prédio antigo, construído há quatro décadas.

Todavia, em uma fatalidade como essa nem todos têm a mesma sorte, segundo o porteiro do prédio, Raimundo Barbosa de Melo que relatou que estava com a esposa na recepção do hotel e, ao ouvir os primeiros ruídos das estruturas do local, prontamente avisou aos demais funcionários que saíssem do prédio imediatamente e disse que no momento em que descia a escada, lembrou das duas pessoas que ainda ocupavam um quarto. “Interfonei e cheguei a bater na porta, mas não responderam”, contou.

Obviamente nunca saberemos o verdadeiro motivo que os levaram a não dá nenhuma resposta, se não quiseram abrir para fugir do flagrante ou se sabiam do motivo das batidas e resolveram morrer juntos.

Dois dias depois, os bombeiros encontraram dois corpos em meio aos escombros. Ele, professor, tinha 71 anos. Ela, bancária, tinha 47. Seus corpos foram reconhecidos por suas respectivas famílias no dia seguinte. O filho do professor não quis que o nome do seu pai fosse divulgado, segundo matéria do Terra, “em virtude das circunstâncias que envolveram sua morte, que poderiam denegrir sua imagem”.
 Porém uma reportagem publicada no jornal “O Dia” revelou o motivo desse pedido. A bancária e o professor estariam vivendo um romance secreto, que acabou sendo revelado por conta do desabamento do hotel Linda do Rosário. Seus corpos foram encontrados nus e abraçados sobre os restos de uma cama.

Em declaração dada à revista Zero, Marcelo Camelo explicou o que o levou a compor a musica: 
“Uma divagação sobre uma situação real. Um senhor e uma senhora morreram num desabamento aqui no Rio, e eles eram amantes. A música é como se fosse uma conversa deles antes de o prédio desabar.”

 Depois de conhecer a história por atrás da musica, fica bem mais fácil  apreciar a belíssima musica Conversa de Botas Batidas, vamos ver:

- Veja você onde é que o barco foi desaguar
- A gente só queria um amor
- Deus parece às vezes se esquecer
- Ai, não fala isso por favor
Esse é só o começo do fim da nossa vida
Deixa chegar o sonho
Prepara uma avenida
Que a gente vai passar
- Veja você, quando é que tudo foi desabar
- A gente corre pra se esconder
E se amar se amar até o fim
Sem saber que o fim já vai chegar

Deixa o moço bater
Que eu cansei da nossa fuga
Já não vejo motivos
Pra um amor de tantas rugas
Não ter o seu lugar
 Abre a janela agora
Deixa que o sol te veja
É só lembrar que o amor é tão maior
Que estamos sós no céu
Abre as cortinas pra mim
Que eu não me escondo de ninguém
O amor já desvendou nosso lugar
E agora está de bem

Diz quem é maior
Que o amor
Me abraça forte agora
Que é chegada a nossa hora
Vem vamos além
Vão dizer
Que a vida é passageira
Sem notar que a nossa estrela
Vai cair!

Um toque de sutileza, a “estrela” citada no final da música se dirige a uma enorme estrela que existia no topo do prédio.

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