História da Riqueza do Homem, por Leo Hurberman.
Hurberman,
Leo. História da Riqueza do Homem. Rio de Janeiro, Zahar Editores, 1981.
Resenha
dos Capítulos I- Sacerdotes, Guerreiros e Trabalhadores, II - Entra em Cena o
Comerciante, XII - Deixem-nos em Paz!, Capítulo XIV - De Onde Vem o Dinheiro.
Capítulos I
Sacerdotes,
Guerreiros e Trabalhadores
A
sociedade feudal está marcada pela existência de três classes; os sacerdotes,
guerreiros e trabalhadores, sendo o trabalhador o único responsável por
produzir através dos meios de sub-existência, tanto na agricultura cultivando a
terra, os grãos, quanto na pecuária cuidando dos rebanhos e ou através do
artesanato na confecção de lã para todas as demais classes do feudo.
Os
feudos originalmente eram pequenas aldeãs cercadas de varias centenas de acres
de terra arável. Durante a Idade Média existiam milhares de feudos, cada um
com sua peculiaridade de extensão, governo e relação entre as pessoas que lá
viviam, mas em geral eram caracterizados por terem grandes campos aráveis, terras
desertas, florestas e pastos, também por pertencerem a um “dono”; cada feudo
tem seu próprio senhor feudal.
O
espaço território do feudo seguia rígidas regras de uso, a maior parte se
destinava ao uso comum, apenas as terras aráveis eram distribuídas faixas
estreitas e longas, cultivadas em três blocos, na qual a plantação deferia uma
da outra, enquanto o terceiro ficava em repouso para o ano seguinte. Apenas
algumas dessas faixas eram arrendadas, mas o trabalhador também era incumbido
dos cuidados das demais, que ficavam para uso exclusivo do próprio senhor
feudal.
Esses
trabalhadores eram conhecidos como servos e divergiam de posições e
privilégios. Durante a história há conhecimento de alguns perfis de servos,
eles eram: os servos de domínios, os fronteiriços e os vilões. Esses servos,
também conhecidos como vassalos, que além do compromisso direto com o seu
senhor estava encarregados de obrigações como pagamento pelas terras em que se
encontravam e contribuições.
Os
feudos estavam sobe o domínio do senhor feudal, contudo esses também estavam atrelados
pelo comando direto e ou indireto de autoridades superiores, isto é, o feudo
nada mais é que uma extensão de terra divida de acordo com a vontade do
verdadeiro dono delas, o rei entre seus vassalos, que por sua vez também a
subdividiam entre seus servos. Sendo assim, é oriundo de uma forte interligação
hierarquia que se sucede do rei, condes, de duques, nobres, membros da igreja
entre outros, até o senhor feudal.
Já
nessa época era iminente o poder da igreja, organização fortemente constituída
e estendida por todo o mundo cristão. Sendo maior mais poderosa e mais antiga,
melhor administrada e douradora que qualquer coroa sendo a maior proprietária
de terras desse período. Alguns membros da igreja recebiam e ocupavam o mesmo
nível hierárquico que condes e duques, e mesmo com a funcionalidade igual a
qualquer outro feudo, a igreja preservando muitas das características do
império romano, ela construiu escolas, hospitais e orfanatos, além de ajudar os
pobres doentes.
Todavia,
a igreja não aumentou seu patrimônio somente pela gratidão dos grandes
senhores, ela se preocupou em manter eternamente o poder, impedindo que seus
bens fossem repassados a futuras gerações a primogênitos dos sacerdotes que
ocupavam posições privilegiadas, proibindo assim o casamento, também por meios
das enormes quantidades de taxas que cobravam dos seus servos, como dízimos que
era uma taxa de 10% sobre a produção e renda dos fieis, entre outros tributos,
tornando – se muitas vezes mais severa que outros senhores feudais.
Nesse
período, a grande força dominadora se tratava do clero e a nobreza, isto é, os
donos das terras, porque todo o poder advinha da posse dessas. Essas forças
agiam completando-se, enquanto uma oferecia salvação espiritual, a outra
prezava pela segurança, o poder militar. Porém, ambas em outras exigiam em
troca pagamento em taxas e forma de serviços.
Capítulos
II
Entra
em Cena o Comerciante
Na
sociedade feudal o comercial aconteceu eram pouco estimulado, geralmente se
limitava apenas a pequenas feiras nas redondezas do feudo, castelo dos nobres
ou nos vilarejos vizinhos, os poucos produto comercializados aconteciam através
de trocas. O servo basicamente produzia e fabricava apenas para o auto -
consumo de sua família e o senhor feudal, além do mercado local e fechado em
si, sem produção de excedentes, o comercio também era impedido pelas
dificuldades de locomoção, as estradas eram ruins e repletas de perigos, alem
das tarifas cobradas como pedágios na maioria das estradas existentes.
O
dinheiro era quase inexistente e as moedas sofriam variações de acordo com os
lugares, pesos e medidas, sendo assim, o escoamento de mercadorias se tornavam
caros e desvantajosos, mesmo diante de todos esses problemas, no século XI o
comércio sofreu uma drástica mudança e já no século XII as proporções tomava
conta de toda a Europa ocidental.
As
cruzadas, viagens de saques em outras terras, mascaradas pelas igrejas como
excursões em nome do Deus, permitiram a criação de um novo destino ao comercio,
inaugurando o novo estilo de vida e instaurando um novo mercado. No entanto,
enquanto a igreja romana via nelas uma possibilidade de ampliar suas
propriedades, o império Bizantino, em suma a igreja enxergava nessas, um meio de
limitar os avanços da cultura muçulmana em seus territórios. Já os nobres e os
cavaleiros eram difundidos pelo ideal de fazer fortuna e as cidades mais
comerciais como Veneza, Gênova e Pisa na Itália eram seduzidas pela
oportunidade de ter vantagens comercias frente às demais cidades.
As
principais consequências das cruzadas foi que com elas, milhares dos
guerreiros, trabalhadores e sacerdotes foram espalhados por todo continente, os
transformando de servos á comerciantes, que aos poucos se solidificaram e
conquistaram a rota do Mediterrâneo, configurando essa na maior rota de
comercio entre o oriente e o ocidente. Porém, não foi apenas no Sul europeu que
as transformações ocorreram, ao norte, pelos mares do Norte e Báltico também
foi registrada uma grande mudança, a cidade de Bruges em Flandes, instituía -
se como o principal ponto de ligação com os russos – escandinavos.
Diante
de tantas mudanças, logo pequenas serie de cidades foram criadas para grandes
feiras para satisfazer os mercados locais, as principais feiras foram Lagny,
Provins, Bar- Sur- Aube e Troyes, normalmente essas feiras duravam em média um
ano e quando uma acaba os mercadores partiam para próxima cidade em que seria
desenvolvida outra feira. Essas enormes feiras deferiam muito dos pequenos
comerciantes locais por trabalharem em grandes escalas, por comprarem e
venderem diversos produtos estrangeiros, do norte e do sul. Mercadores de todas
as partes eram bem – vindos, alguns receberiam algumas regarias de acordo com a
província em que as feiras eram realizadas, salvo - conduto e muitos impostos
de pedágios eram alguns deles.
Apesar
disso, outras taxas como alíquotas de entrada e saída da feira, de
armazenamento, de vendas e para armar as barracas eram cobradas aos
comerciantes, mas esses impostos logo tornaram – se fixos e bem mais baratos.
Algumas
feiras tinham em sua peculiaridade a não limitação com comercio natural, mas
também uma forma nova forma de comercio, um de transações financeiras, onde se
trocava dinheiro, gerenciavam empréstimos, pagavam – se dividas, além de letras
de credito e câmbio. Esse segmento particular de negócio passou por diversas
modificações, por fim constituiu- se numa profissão diferente dos comerciantes
normais.
Devido
a isso, o processo de troca de mercadoria foi amplamente diluído, o processo de
troca de mercadoria por mercadoria como aconteceu nos feudos, foi subitamente
substituído por uma mudança de troca de mercadoria agora por dinheiro, criando
assim, uma transição dupla, porém, menos desgastante, pois o dinheiro se
transformou no intercâmbio das mercadorias, aceito por todos, fortificando assim,
as transições financeiras e solidificando uma nova economia, que deixava de ser
fechada em si, para ser agora de muitos mercados, de um comercio aberto e em
plena expansão.
Capítulo
XII
Deixem-nos
em Paz!
Durante
o ano de 1776, frente a grandes progressos e forças opressoras, uma serie de
pensadores se posicionaram contra a política colonial mercantilista da época,
os comerciantes agora buscavam uma parcela no lucro das grandes cooperações
vigentes, a libertação no comercio, queria esse livre das restrições impostas
pelos governos.
O
Governo prezava pela consolidação das indústrias e mercados internos,
constituindo barreiras contra aos camponeses, impedindo – os de serviços de
exportações, com o argumento de que fortalecendo as indústrias nacionais,
enriquecia o país. Contudo, todas as medidas mercantilistas tiveram seus
críticos, e todas as teorias mercantilistas foram atacadas.
Na
França, onde a medidas e regulamentos mercantis eram mais acentuados, foi
também onde os ataques foram mais ferozes, os fisiocratas se posicionavam
completamente contrários ao extremo controle estatal, afirmavam que essas
regras e sistemas eram perniciosos, gerando uma luta pela ausência total de
controle.
Gournay,
comerciante francês um dos pioneiros na luta pela libertação dessas restrições,
responsável pela frase “Laissez - faire!” - (Deixem-nos em Paz!), que inspirou
e serviu de lema para a primeira escola de economista do país. Os fisiocratas
defendiam a hipótese de liberdade, eles acreditavam ser a terra a única fonte
de riqueza e o trabalho nessa, o único trabalho produtivo, sendo assim,
defendia que os homens deveriam ter o direito o fazer em suas propriedades o
que mais lhes agradassem.
Segundos
os fisiocratas, a agricultura era bem mais vantajosa que a indústria, que
enquanto na indústria se gastava muito, na agricultura os custos eram mais
baratos, além do lucro do dono das terras e maior devido à generosidade da
própria natureza, ou seja, o excedente gerado superava e muito investimento,
mesmo aceitando que esse poderia variar ao longo dos anos e de acordo com as
estações.
Adam
Smith, com seu livro “A riquezas das nações” teve uma grande conotação no
cenário mundial, ao defender o liberalismo, Smith já no ano de 1776 apronta a
divisão do trabalho como marco Celestino para o melhoramento da capacidade do
trabalho e que a divisão do trabalho aumenta ou diminui de acordo com as
demandadas dos mercados, por fim que o comercio livre influência diretamente
tanto a produtividade quanto o mercados.
Logo,
o livre comércio entre os países representa o pico mais alto da evolução da
divisão do trabalho, pois cada país pode especializar – se nas mercadorias para
esses tem menor custo, com isso exportar mais e assim aumentar sua riqueza.
Por
fim, o sistema de liberdade natural, propõe que todo homem de não restrinja as
leis, nem a justiça é apto para satisfazer seus interesses, da maneira que lhes
for conveniente, passivo de abrir concorrência com outros homem ou associações
dos mesmos.
Capítulo XIV
De
Onde Vem o Dinheiro?
O
dinheiro como capital, somente atingir essa categoria quando só se aplicado
afim de obter lucro, isto é, quando o dinheiro é empregado em um empreendimento
ou transição com o objetivo de reaver –
los com um excedente, recuperar mais dinheiro do que foi empregado.
A
principal mercadoria comprada e vendida foi e ainda é à força de trabalho, mais
especificamente o lucro exaurido dos produtos fruto do trabalho operário nas
matérias primas. Contudo, o dinheiro não
é a única forma do capital, esse pode advim também dos meios de produção.
É
importante frisar que a era capitalista só foi possível, através das atitudes
do antigo regime, da era onde o comercio se expandiu aos quatro cantos do
mundo, da emergência dos grandes centros comerciais como as cidades italianas
de Gênova, Veneza e Pisa, da igreja conquistadora e das guerras santas. As
cruzadas tiveram papel fundamental nesse processo, assim como, a ganância das
cidades que as apoiaram com a apologia religiosa, mascarando os verdadeiros
objetivos de conquistar e fazer fortuna roubando, saqueando e comercializando
as riquezas das terras distantes.
Todavia,
mesmo depois desses acontecimentos dos séculos XIII e XIV, foi no século XV que
o capital tomou as proporções necessárias à satisfação e com um método desumano
de entrada e domínio das terras estrangeiras, a Holanda enriqueceu e já no
século XVII se tornou a maior potencia capitalista, seguida pela Inglaterra.
O
comercio nas colônias trouxeram riquezas nas metrópoles, Portugal inaugurou um
novo mercado, o de comercio humano e logo foi seguido pelas outras potencias
européias. A Inglaterra por sua vez vislumbrou nesse comercio o potencial de
conquistar, piratear, saquear e explorar e os dissimulou como uma missão
beatificadora. Essas investidas logo resultaram grandes lucros e um capital que
cada a mais se intensificava a cada dia.
Porém,
mesmo diante de tais circunstâncias, o surgimento da nova era no momento ainda
não era possível, pois ainda havia alguns empecilhos como a pequeno acesso a
terra pelos trabalhadores, particularidade remanescente do velho sistema
feudal, que reformava que quando o homem tem acesso a terra e a possibilidade de
sub – existência não esta disposto a vender sua força de trabalho as indústria.
A debandada de pessoas do campo para os centros urbanos aconteceram somente
quando esses foram privados dos seus meios de produção e tiveram apenas sua
força de trabalho como mercadoria valiosa, obrigando- os a vender- la para
garantir sua sobrevivência.
Na
Inglaterra esse processo aconteceu nos séculos XVI, XVIII e no inicio do século
XIX esse fechamento se deu de forma mais acentuada, as Leis de fechamento
garantiram assim a criação de um exercito de pessoas dispostas a venderem suas
forças aos grandes irmãos do século. Esses fechamentos também ocorreram em
outros países europeus, como na França e na Escócia, mas em proporções menores.
Além
desses fechamentos, outros meios colaboram com essa criação, entre eles, o
próprio sistema fabril com as máquinas a vapor e a divisão do trabalho
produziam mais e seus produtos eram mais baratos que os das pequenas
manufatoras independentes.
A
revolução dos modos de produção e troca, isto é, a passagem do feudalismo ao
capitalismo implicou em muitas mudanças nos demais sistemas, na ciência,
educação, governo e principalmente na religião. Essa que por fim, se via ainda
enquadrado na cultura do antigo sistema, presenciou a ascensão da Igreja
Protestante como nunca antes visto, a Reforma Protestante que aconteceu no
século XVI, interagiu diretamente com momento de euforia e amontoamento do
capital em grande escala.
A
igreja Protestante marcou a nascente de varias ramificações e seitas com diferentes
graus de envolvimento em que o capitalista encontra reforço. Os puritanos, os
metodistas e principalmente os calvinistas que levam uma vida regrada, na qual
o trabalhavam árduo e poupança eram maneiras de satisfazer a vontade divina
como ideal da conduta cristã.
No
século XIX, foi instaurada a cultura da poupança e do investimento, coisas
inexistentes no sistema feudal, a acumulação do capital emergente do comercio
primitivo, as intervenções metódicas no acesso a terra e invenção da classe subalterna,
também a concepção de que os reinos do céu seriam aberturo e prontamente deles,
fez com que se tornaram dever do homem rico poupar, investir e arrecadar seus
excedentes regados configurando – se assim a sociedade capitalista, nos
conceitos de sociedade moderna de hoje.