A CRISE!





Introdução 

Ciclos econômicos sempre existiram, cada um com características e origens diferentes. Seria incorreto atribuí-los a um conjunto simplista de causas. Porém existe um determinado componente da realidade americana que forjou o cenário propício ao gênero de transtorno que é referente ao ponto de partida da crise. A recessão americana não foi provocada originalmente pelo terremoto no setor financeiro. Na verdade, as agruras das instituições de crédito resultaram, em grande parte, da queda no ritmo da atividade econômica a partir do último trimestre de 2007, quando o PIB encolheu 0,2% em relação a igual período de 2006 (principalmente pela queda em dezembro). A crise então detonada no setor financeiro precipitou e avolumou a onda recessiva já em movimento, influenciando suas características, em um processo causa- efeito de múltiplo sentido. Em 2008 houve por vez o colapso do sistema financeiro americano, devido à falência e falta de liquidez de grandes instituições financeiras, gerando enormes prejuízos aos investidores e criando uma recessão na oferta de crédito. 

As causas da crise 

Nos EUA, tudo começou em 2001 com a especulação no mercado de ações relacionadas a internet inúmeras instituições financeiras americanas investiram grande quantias, apostando em um enorme aquecimento deste setor, que, com o passar dos anos, mostrou-se muito menos rentável do que o esperado. Este momento da crise foi chamado de “Bolha da Internet”, e foi o início da futura onda de especulações que assolaria a economia americana nos anos seguintes. 

A intensificação da crise veio com o aumento da especulação imobiliária, que fez com que os preços dos imóveis subissem mais do que o devido: as pessoas passaram a pagar cada vez mais pelos imóveis, a maioria delas a partir de empréstimos bancários, imaginando que no futuro valeriam ainda mais quando os agentes de mercado imobiliário e de credito resolveram estender os empréstimos para clientes de menor renda, ploriferando os chamados empréstimos suprime (empréstimos a pessoas chamadas de baixa renda e, portanto, de maior risco), foram estabelecidas as condições que mais a frente culminaram na crise econômica. 

Na realidade, os empréstimos foram concedidos por que se esperava uma queda de furos que afastaria a possibilidade de inadimplência, o que não ocorreu,acarretando prejuízos monumentais aos bancos. Este desequilíbrio gerou um colapso nos mercados bancários, que perdura até o momento. 

Com a onda de falências, inúmeras insatisfações financeiras bloquearam a concessão de empréstimos, inclusive entre se mesmo, o que, o que afetou diretamente o credita em virtude da insegurança gerada aos clientes. A repercussão no credito é um fator que propicia a transferência do sistema financeiro para toda a economia. Rapidamente a crise alastrou-se dos Estados Unidos para a Europa e trouxe inúmeras repercussões para todo o mundo. 

Consequências da atual crise econômica internacional 

A atual crise econômica internacional trouxe conseqüências desastrosas para o quadro econômico mundial, como por exemplo: a ausência de credito, tal redução faz com que os investidores invistam menos, reduzindo assim a contratação de trabalhadores, elevando então o índice de desemprego. Que por sua vez sem emprego (dinheiro) diminui o poder de compra. Fazendo com que o consumo tenha uma queda. 

Dentre outros fatores está á oscilação do câmbio, com a instabilidade do dólar tem como tendência natural cai o numero de exportações e a importações de produtos nos pais. 

Outra consequência foi que a crise se expandiu para países da união Européia assim como nos EUA as consequência também foram as fugas de capitais de investimentos, essa mesma escassez de credito, o aumento nos níveis de desemprego, queda no crescimento do PIB, contaminação da crise para países de fora do bloco aconteceu principalmente pelas relações comerciais com que os EUA mantém com a união Européia. Já na união européia a Grécia foi o um dos países que mais sofreram com está crise, assim como a Itália, Espanha que também se destacaram negativamente durante essa atual crise. Buscando um momento de contenção e de tentativas de reerguer sua economia estes países passaram por um forte período de imposições para receber ajuda dos países de outros países europeus. E No caso alarmante da Grécia em tentar receber ajuda teve que se submeter aos segmentos de instituições do FMI e Banco Mundial e dos demais países em cortar gastos públicos, havendo assim demissões em massa de servidores públicos, que deu inicia a grandes revoltas e protesto no país. 

O Brasil como em outros países emergentes também foi afetado pela crise, com o aumento da cotação do dólar que dificultou as importações de derivados do petróleo, grãos, trigo. Também nos princípios ativos dos medicamentos, fertilizantes entre outros. 


O Combate à Crise Econômica Mundial

A internacionalização do sistema financeiro tem alterado substancialmente a natureza e os determinantes da dinâmica econômica mundial: a junção entre a desregulamentação dos mercados financeiros e inovações financeiras, a livre mobilidade de capitais e a flexibilidade e a volatilidade das taxas de câmbio e de juros têm, por um lado, limitadas à ação das políticas macroeconômicas locais e, por outro, sido responsável tanto pelas freqüentes crises de balanço de pagamentos das economias emergentes, quanto pelas crises de liquidez e solvência, como a recente crise financeira internacional. 

As medidas de controle da crise adotadas pela maioria dos governos centram-se na reestruturação do crédito, a partir do emprego de vultosos recursos para conter maiores danos às economias, além da adoção de políticas monetárias menos rígidas, aplicando sucessivas reduções nas taxas básicas de juros. Deve-se garantir a possibilidade de os bancos realizarem empréstimos entre si e financiarem novamente o setor de produção, além de evitar que os clientes retirem o dinheiro depositado nos bancos de maneira preventiva. 

Outro pilar da proposta de reestruturação da estrutura regulatória do sistema financeiro, anunciada no final de março de 2008, consiste exatamente na consolidação das diversas agências reguladoras do país. A intensificação da crise financeira e econômica rapidamente afetou o setor real da economia, especialmente em termos de crescimento econômico, nível de emprego, e fluxos de comércio e investimento. Quase todos os países foram atingidos pela crise, e seus governos passaram a tomar medidas mais intervencionistas. O direcionamento e a ênfase destas medidas variaram de país para país, dependendo dos canais específicos de transmissão da crise para o ambiente nacional, os bancos de investimento, as seguradoras e fundos de investimento. 

O conjunto de políticas implementadas com este objetivo pode ser dividido fundamentalmente em dois grupos diferenciados: de um lado, estão às medidas de política monetária e de intervenção em instituições financeiras e, de outro, as medidas de estímulo fiscal. Estas últimas incluem também medidas setoriais específicas. Além das mudanças na política monetária, os governos têm recorrido a um amplo leque de medidas de intervenção nas instituições financeiras nos países, de modo a evitar não somente a quebra de uma quantidade importante delas, como também o colapso dos sistemas financeiros nacionais e internacionais dos países desenvolvidos e grande parte dos países em desenvolvimento. 

Os governos dos países desenvolvidos responderam a essa crise por meio do uso de políticas fiscal e monetária expansionistas. O Fed. reduziu a taxa de juros de curto prazo para 0% e aumentou o seu balanço em cerca de 300% para proporcionar liquidez para os mercados financeiros nos EUA. Políticas similares foram adotadas pelo Banco Central Europeu (BCE) e pelo Banco do Japão. Nos Estados Unidos, o presidente Barack Obama conseguiu aprovar uma expansão fiscal de quase US$ 800 bilhões para estimular a demanda agregada. Na área do euro, os governos foram liberados das amarras fiscais do Tratado de Maastricht, sendo autorizados a aumentar os déficits fiscais além dos limites impostos pelo Tratado em consideração. Esforços similares foram realizados no Reino Unido e nos países em desenvolvimento. 

Na China, o governo aumentou o investimento público na infra-estrutura em mais de US$ 500 bilhões com o intuito de manter uma elevada taxa de crescimento econômico. No Brasil, a expansão fiscal começou antes da expansão monetária com um regime de metas de inflação muito rígido. Nesse contexto, o governo Lula aprovou um pacote de estímulo fiscal no fim de 2008, constituído de aumento do investimento público, redução de impostos e aumento do salário mínimo e do seguro desemprego. A redução da taxa de juros começou apenas em janeiro de 2009, após o colapso da produção industrial e da disseminação de rumores quanto a possível demissão do presidente do BC. Como resultado da demora no relaxamento na política monetária, o PIB declinou 0,7% em 2009. 

A política aplicada na UE a partir de 2010 é a chamada política de austeridade. O objetivo oficial é restringir e diminuir o endividamento dos países através de um corte radical dos gastos do Estado. Isso significa basicamente que os chamados “estados de bem-estar” estão sendo fortemente atacados, cortados e finalmente destruídos. Cortes massivos nos salários e pensões, demissões em massa dos funcionários públicos, privatizações de quase tudo, redução de serviços sociais da saúde à educação e precarização massiva das condições de trabalho são o conteúdo concreto desta política. 

Ela foi tomada depois do enfrentamento da crise financeira anterior, na qual a maioria dos países gastou mil milhões de Euros para resgatar os bancos nacionais. Esses gastos enormes resultaram num crescimento abrupto da dívida pública dos estados. Foi na Grécia onde isto primeiro se trasladou numa crise financeira do estado mesmo. Com outras palavras: o estado da Grécia ficou sem dinheiro para pagar a dívida e os juros cada vez mais altos nos mercados financeiros. Desde então se formou a famosa Troika, formado pela Comissão Européia (a principal entidade política da UE), o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional (FMI). Para resgatar o Euro como moeda mundial, estas entidades emprestaram dinheiro à Grécia, e reivindicam em troca um programa radical de cortes e privatizações. 

A crise da Grécia seguiu Irlanda, Espanha, Portugal, Itália e – o caso mais novo – o paraíso fiscal Chipre. Os resultados depois de três anos desta política são a já mostrada recessão, 20 milhões de desempregados e 1,5 mil bilhões de Euros gastos em ajuda a bancos e o setor financeiro. 

Enfim, as medidas de políticas monetárias, financeiras e fiscais adotadas por diversos países mostram uma grande variedade em função do grupo de países analisado. Todavia, a recuperação incipiente da atividade econômica internacional dificulta a gestão das políticas macroeconômicas. Por um lado, se os estímulos forem retirados as economias podem voltar a se retrair de forma acentuada. Por outro lado, se os estímulos forem mantidos por um longo período, podem desencadear inflação de preço de ativos e/ou de preço de bens. A deflação nos preços dos bens, bem como o baixo patamar de crescimento e consumo das economias desenvolvidas, limita a capacidade de as empresas repassarem aumentos de preços. Isto amplia o raio de ação dos bancos centrais na manutenção dos incentivos monetários e financeiros, mas não contém a formação de bolhas de ativos. 

O principal desafio colocado aos governos, após décadas de liberalização e desregulamentação financeira, é a construção de um novo propósito para a regulação bancária que contenha a tendência à tomada excessiva de risco e seja eficiente no financiamento do crescimento econômico. Sugere-se também que todas as instituições bancárias e não bancárias cuja falência possa representar risco à estabilidade financeira devem ser submetidas a supervisão e reguladas a partir de padrões rigorosos, além de se apontar para a necessidade de reforma das práticas de remuneração, fixando-se limites às práticas vigentes buscando-se com isto o uso dos lucros para reforçar o capital das instituições afetadas pela crise. 






Referências Bibliográficas 

Revista de Economia Política, vol. 29, nº 1 (113), pp. 133-149, janeiro-março/2009
Luiz Filgueiras; A crise econômica mundial e seus efeitos sobre a economia brasileira 
IPEA: Boletim de Economia e Política Internacional 
Marcello Averbug; A crise vista por um outro ângulo. Publicado na “Conjuntura Econômica” de março 2009. 
Daniela Magalhães Prates e Maryse Farhi; A crise financeira internacional, ograu de investimento e a taxa de câmbio do real. 
José Luís Fiori; Os economistas e a crise. 

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